O metrô deslizava veloz nos trilhos. E eu estava lá sentado,
a cara cinza, o dia cinza e tudo o mais. Isso foi até ela chegar.
Entrou pela porta mais próxima de mim. Quanta sorte eu tive!
Pude ver aquela moça caminhar e sentar-se no banco vago bem na minha frente. Eu
nem merecia tamanha poesia.
Victor,o verme, diante daquela estrela, fita de cetim,
floresta silenciosa. Ela parecia aquela... bonequinha de luxo. Elegante, mas
não fútil. Aquela imagem era só casca para uma alma que flutuava acima daquele
metrô, daquela cidade, daquela galáxia. O olhar distante e triste dizia tudo,
contava de uma vida de sonhos ainda não alcançados e de um peso quase
insuspeitável, disfarçado pelas roupas bem escolhidas, bem combinadas e bem
colocadas no corpo esbelto.
Seria tudo isso? Ou seria nada disso? Só sei que, naqueles
minutos, acreditei em toda essa história. E era real.
E eu queria que ela fosse minha, até perceber que isso seria
impossível. Me distanciei de toda a idealização e olhei-a poeticamente, porém
cortei os exageros. E consegui ver a clavícula levemente saltada e a orelha de
abano. E vi o essencial no fundo dos olhos castanhos: era uma criatura
selvagem. Nunca seria minha, nem mesmo se quisesse estar comigo; era um
beija-flor, as asas ligeiras, o coração pulsante. Era mulher.
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Olá, quanto tempo! Abandonei o blog, admito; parei de postar música da semana, simplesmente me rendi ao mundo acadêmico e a outros passatempos e diversões no tempo livre. Porém, ainda acredito que é interessante manter este espaço, então voltei neste finzinho de férias para dizer que pretendo continuar postando textos por aqui. Por enquanto não vou estabelecer seções fixas nem nada do tipo, mas quero pensar em um novo layout e em coisas interessantes para compartilhar.
E vou pensar... Mas com calma. Depois. Quando eu estiver com vontade. Pois só assim o Rindo das Nuvens pode seguir rindo, sem obrigações.
Até mais! Ah, sugestões são sempre bem-vindas ;)